Mulheres na metalurgia goiana

Elas são estudantes, bonitas, mães, esposas, profissionais de alta performance e fazem parte de uma equipe única em Goiás, de mulheres que trabalham em uma metalúrgica. Tudo começou em 2009, quando a secretária Josy foi contratada para ser secretária na fábrica de máquinas para indústria química Dimensão Máquinas e Equipamentos, situada em Trindade. Na época, a empresa tinha no quadro, além do dono, o empresário Francisco Luciano Alves de Jesus, outros funcionários homens. Ela ficou sensibilizada com o pedido de cliente para adiantar um serviço e resolveu sair do escritório e ajudar os colegas na fabricação do equipamento. Desse dia em diante, o trabalho das mulheres na Dimensão não parou mais. Aos poucos, os homens foram saindo e as mulheres ocupando as vagas de trabalho.

Segundo Francisco Luciano, não houve troca de homens por mulheres, e sim uma maior adaptação das funcionárias às várias funções da empresa. Ele explica que as mulheres têm maior espírito de equipe, são mais detalhistas, focadas, e se destacaram mais nas mesmas atividades que os homens, ganhando o salário igual. “Não faço distinção, por mim, teria até uma equipe mista, mas o resultado tem sido tão positivo que não pretendo abrir mão das minhas funcionárias”, ressalta.

Se no começo da empresa, Francisco trabalhava sozinho e só depois de um ano contratou um auxiliar, o mecânico industrial hoje comemora os bons resultados com as 12 funcionárias. Na época da Josy e quando as primeiras profissionais foram chegando as funções não eram bem definidas, hoje cada uma tem seu posto específico, mas quando as coisas apertam na fábrica, o pessoal do administrativo desce para ajudar a cortar, soldar e a parafusar. O ofício elas aprenderam na própria fábrica e nos treinamentos que a empresa proporcionou ao grupo. Dentre as 12 mulheres que fazem parte da equipe da Dimensão há três estudantes universitárias, três menores aprendizes e uma metalúrgica que está de licença-maternidade. “Aos poucos, vou pegando o jeito de cada uma. Homem a gente treina, mulher a gente descobre qual o talento e aptidão,” diz Francisco.

Faturamento R$ 600 mil maior

De 2009 até agora, a empresa cresceu bastante. Na época, eram gastos 45 dias para construir uma máquina. Hoje, em 30 dias, são fabricadas oito máquinas. Se há quatro anos o faturamento da empresa foi de R$ 200 mil, a expectativa é de que este ano chegue a R$ 800 mil um aumento de 300%. Todo esse resultado é dividido com equipe, que além dos benefícios legais, recebe o vale salão. Francisco Luciano explica que se trata de uma gratificação que varia de R$ 50 a R$ 100 é que dada como forma de incentivo pelos bons resultados da empresa e varia conforme o mês. O uso no salão de beleza é uma sugestão, mas elas aprovam.

Gerente há três anos, Joice Iolene diz que esse incentivo é importante porque é uma forma a mais de valorizar o trabalho das funcionárias. “A gente usa o dinheiro para ir ao salão, economiza no salário e ainda movimenta a economia da região.” Ela também explica que o trabalho apesar de parecer rústico não atrapalha em nada nas outras funções do dia a dia. “Vejo o nosso exemplo como uma experiência que está dando certo e como uma inovação tanto em Goiás quanto no Brasil”, diz.

Expansão e treinamento da equipe são novos planos

Os planos do empresário são tão grandes quanto as conquistas. Quando começou ele tinha apenas um torno mecânico comprado com R$ 1 mil que pegou emprestado de uma linha do governo do Estado. A empresa vende máquinas para todo o Brasil e já exportou para o México. Agora ele adquiriu um lote de nove mil metros quadrados para expandir a indústria, construir uma creche e um local para formação de mão de obra. “Quero treinar minha própria equipe e proporcionar isso para outras empresas”, ressalta. O plano é saltar de 12 funcionárias para 120.

Questionado se está realizado, o empresário diz que sim e que vê o sucesso nos resultados. “Sucesso para mim é curtir o andamento da empresa, é ver acontecer, é estar aqui. Gosto de trabalhar com minhas funcionárias e acima de tudo sou respeitado por elas. Quero que elas cresçam junto com a empresa”, diz.

 

Karine Rodrigues

 

 

Fonte: O Hoje

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